Venho de longe, de infinitos mares,
De lá, muito além de onde vês, distante e vago
O crespo encontro deste mesmo verde
Com as brumas perdidas do horizonte.
Venho das enormes vagas, de um outro mundo,
Para onde, só em raro, daqui,
Desta calmaria de ruas e guindastes,
Do aconchego sereno de teu leito solitário –
Intimidade morna entre cetins – alçam vôo anseios e inquietudes,
Na busca dos semoventes caminhos que percorri.
Tenho, na pele e nos cabelos, a salsugem da aventura,
E, no corpo, o eterno balanço que as renovadas marcas
Da vida que há em cada travessia.
Trago comigo colhidas nas noites de vigília e sonho,
Qual pedaços das estrelas que me guiaram o rumo,
Histórias novas, de um nunca terminar.
Junto a ti venho depositá-las
E, assim, forrar de amor e poesia
Os remansosos momentos da bonança
Que redime os náufragos que ambos somos,
Das mil tormentas cruas, primitivas,
Efêmeras, bacantes de encanto louco,
A resgatar-nos sempre do limbo das ausências,
A cada reencontro de nós dois.
Sergio Queiroz
Sergio Queiroz
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