Ficamos hospedados no excepcional estabelecimento naval norte-americano, o que justifica a excelente impressão que tivemos desde o primeiro momento de nossa chegada ao complexo que apresentava características notáveis, ocupando, na região da Los Angeles metropolitana, um considerável espaço banhado pelo oceano Pacífico (Long Beach).
Inicialmente, demos conta de que Los Angeles e suas vizinhanças (Beverly Hills, Hollywood, etc.) ocupavam uma área de grande extensão, sendo de se apreciar a qualidade da arquitetura residencial e também a propósitos de recreação. A contiguidade com a meca do cinema mundial faz com que não seja rara a possibilidade de encontro, nos arredores mais luxuosos, de pessoas e veículos ligados à forte indústria cinematográfica. O tráfego de veículos, diga-se de passagem, foi o maior que já vi em minha vida, deixando as ruas e avenidas abarrotadas de carros, muitos com atores e atrizes reconhecíveis.
Mas a permanência em Los Angeles não foi, como se poderia pensar, um mar de felicidade do princípio ao fim. No seu período de duração ocorreu, em Dallas, Texas, o inacreditável assassinato do presidente Kennedy. Fomos testemunhas, ao vivo, pela televisão, da morte do presidente, do subsequente assassinato de seu suposto matador por um indivíduo chamado Jack Ruby e dos demais fatos ocorridos em sequência, da mágoa e vergonha que resultaram da transmissão de tamanha atrocidade para o mundo.
Importante dizer que as notícias iniciais divulgadas não foram fiéis à verdade. Enquanto a mídia divulgava que Kennedy fora baleado mas estava vivo, ao terminarmos o almoço no curso, vimos que os navios de guerra atracados, ou fundeados na estação naval, mantinham a bandeira arreada a meio pau, em posição de luto. Uma informação para o público e outra para a realidade naval, pois.
É evidente que certas coisas são feitas para diminuir efeitos negativos sobre a população em geral, objetivando a ordem pública. Já dizem os americanos que “the show must go on” (o show deve continuar). Um colega-aluno norte-americano não se cansava de repetir sobre a vergonha de seus compatriotas perante os estrangeiros que viam tudo aquilo acontecer na que se dizia a melhor e maior democracia do mundo.